Quando o Mal Tem Um Nome - Entrevista com a escritora Glau Kemp

Entrevista com a linda Glau Kemp, escritora, roteirista e colunista, tivemos um bate papo bem legal onde ela nos conta sobre seu livro, "Quando o mal tem um nome". 
Falamos de seus gostos, de projetos futuros, então venham conhecer um pouco mais dessa mulher e escritora incrível. De ante mão a Equipe THS agradece o tempo concedido a nós e desejamos ainda mais sucesso nesse e nos próximos projetos, foi maravilhoso poder conversar com você.


Equipe THS - Como foi o seu primeiro contato com a literatura? E por que terror?

Glau Kemp: Eu fui alfabetizada em casa e com cinco anos já lia muito bem, sem outras crianças para brincar eu gostava mesmo era de ler. Meu pai tinha muitos livros e um em especial me chamava à atenção. A maioria dos livros era de capa lisa em couro escuro, mas esse era branco com a figura de um demônio. O livro era o exorcista e eu tinha sete anos na época, ele foi minha primeira leitura adulta, escondido é claro, mas acho que isso muda uma pessoa, principalmente quando você já é uma criança estranha (risos). Depois disso o terror passou a ser natural. A estranheza continuou, é claro, e poucos anos depois eu estava alugando VHS (Sim, eu sou dessa época), com vídeos de autopsias humanas, porque eu simplesmente não tinha medo dos mortos ou de qualquer outra coisa e achava que seria como Sculy de Arquivo X. Eu quase fui, mas depois de abrir alguns corpos na faculdade vi que não era tão legal assim e decide contar histórias.

Equipe THS - Por que acha que as pessoas deveriam ler o seu livro? Qual o diferencial?

Glau Kemp:  Por causa do medo. Apesar de o livro trazer demônios e a manifestação do que é maligno, Quando o mal tem um nome explora a religiosidade e o medo que ela provoca em muitos aspectos. O leitor pode se identificar facilmente com os medos das personagens, porque não é algo tão surreal como a “humanidade precisa que eu a salve”, o medo está nas pequenas coisas, em problemas e decisões que poderiam ser tomadas por qualquer pessoa. Acho que o leitor de terror, na maioria dos casos, é alguém que não se assusta com facilidade ou não sente medo, então ele procura isso nos livros. Talvez esse leitor não se assuste com os demônios do meu livro, mas ele vai compreender o horror das minhas personagens e se o momento for propicio, ele pode sentir parte desse horror e até prender a urina de madrugada, porque o caminho até o banheiro se tornou sinistro. O medo plantado na cabeça dele mora lá. A missão de todo escritor de terror é essa, impedir que o seu leitor vá fazer xixi em paz. (risos). 
Equipe THS - Nos dias de hoje, principalmente no cenário do terror/horror, publicar um livro não é tarefa fácil. O mercado em expansão é o estrangeiro e não há muito espaço para produções nacionais. Qual a maior dificuldade que você encontra ou encontrou nessa questão? E qual dica você daria a quem está começando a escrever?


Glau Kemp É extremamente difícil um autor nacional, que não seja uma celebridade, publicar seu livro de estreia por uma grande editora. Se o livro for de terror é mais difícil ainda, porque são poucas editoras que publicam o gênero. Como eu sou uma pessoa muito otimista acredito que 2018 será ainda melhor para as produções de terror do que foi 2017. É contando com esse momento que o gênero está em evidência e com o sucesso do meu livro na Amazon que eu e minha agente literária, a Alba Milena da Increasy, acreditamos que em 2018 o livro possa receber uma boa proposta de publicação. Meu conselho para os colegas escritores é fazer o mesmo, tirar o livro da gaveta e ir atrás dos leitores.   

Equipe THS - Seus personagens são bem construídos. Você se identifica com algum deles? Se sim, em quais aspectos?

Glau Kemp: Meus personagens são como esses bonequinhos de montar, eu pego uma parte de cada lugar para criar uma pessoa real o bastante que possa convencer o leitor da sua existência, o leitor tem que identificar o personagem como alguém real ou com ele mesmo. É daí que vem o medo. Eu junto o trejeito da caixa do supermercado, a frase engraçada que ouvi no ônibus ou algo pessoal. Tudo isso junto forma um personagem, um traço ou outro da minha personalidade pode escapar e ser emprestado, mas nunca são personagens autobiográficos, sou uma pessoa muito sem graça (risos), se fizesse isso ninguém gostaria dos meus livros.
Equipe THS - O que mais atrai você quando procura ler algum livro?

Glau Kemp: Sou atraída para tudo que é estranho, sombrio e bizarro, mas ainda sim perfeitamente possível naquele universo. Eu preciso acreditar na história e me importar com os personagens, crer naquilo que na vida real eu não acredito. 

Equipe THS - Sobre o seu novo livro, Quando o Mal Tem um Nome, conte-nos um pouco sobre ele, criação, sinopse...

Glau Kemp: A criação desse livro é tão especial que logo no início tem uma nota explicando como tudo aconteceu. Ele foi movido por uma grande coincidência ou manifestação do sobrenatural, cabe ao leitor escolher no que acreditar, mas é isso que o torna visceral pra mim e acaba contagiando os leitores. Quando o mal tem nome é um terror com o cenário muito rico, a história se passa em Aparecida em SP, nas décadas de 70 e 80 e traz protagonistas mulheres. Eu costumo brincar dizendo que é uma mistura de Carrie a estranha, O bebê de Rosemary e A profecia. 

Equipe THS - Quais são seus livros e filmes preferidos de terror?

Glau Kemp: Essa é fácil eu gosto muito dos filmes de terror dos anos 70 e 80, mas não saberia escolher meu preferido. Na literatura eu sempre gosto de citar Merry Shelley, ela trouxe muita humanidade para os personagens de Frankenstein e isso é o que busco fazer. Também não posso negar que gosto muito do Stephen king. Ambos os escritores investem em seus personagens, dando camadas e profundidade. Terror não é só sangue e susto, como leitora eu preciso de mais e como escritora sempre estou em busca desse “mais”.

Foi uma entrevista muito divertida, a Equipe THS agradece mais uma vez, adoramos o livro e recomendamos a todos que leiam. Por fim, é isso, quanto mais histórias de Terror e Suspense para se aventurar mais você vai querer conhecer sobre esse mundo. 

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